Com a transição energética na área automotiva, o setor de lubrificantes, aditivos e fluidos enfrentam novos desafios. Visando à descarbonização dos veículos, os investimentos estão focados agora em produtos que propiciem maior eficiência energética dos carros e ampliem cada vez o prazo para a troca dos lubrificantes.
Esse tema foi abordado amplamente em um evento recente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA). O vice-presidente da entidade, Marcos Vinicius Aguiar, salientou no encontro a importância dos atuais aportes no desenvolvimento de novas tecnologias diante das novas fontes de energia veicular.
A coordenadora do simpósio, Simone Hashizume, destacou que as soluções de descarbonização deverão ter diferentes variações nas regiões brasileiras. E para ela o Brasil possui uma matriz energética que permite trafegar por esta transição de uma forma menos pressionada.
Já a representante da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das Minas e Energia, Ângela Oliveira da Costa, lembrou que o Brasil é rico em recursos energéticos. A executiva citou vários programas do governo com esse objetivo, dentre os quais os relacionados ao biogás e à bioenergia.
Transição passa por tripé social, econômico e ambiental
Ela previu que os modelos eletrificados representarão apenas 6% do total de 4,6 milhões de licenciamentos previstos para 2031. Ângela ainda afirmou que a eletromobilidade tem um caminho a ser percorrido, e a transição passa por um “tripé social, econômico e ambiental”.
Impacto ambiental, desempenho e economia do motor
Quanto às soluções de mobilidade para veículos pesados, Marco Garcia, da Scania, entende que o óleo desempenha um “papel vital” no impacto ambiental, na performance e na economia do motor. “Assim, é fundamental que sejam utilizados lubrificantes que atendam as especificações do fabricante, conforme os modelos.”
O mais recente desenvolvimento da Scania é a geração de óleo LDF-4, que aumenta o desempenho do motor a um novo patamar, reduzindo significativamente, segundo a marca, o consumo de combustível.
Ampliação do período de troca de óleo nos caminhões
De acordo com Garcia, a fabricante de caminhões busca permanentemente a evolução nessa área. A empresa sabe que o importante é evitar paradas desnecessárias do veículo. “O objetivo é sempre reduzir o consumo e aumentar a extensão do período de troca de óleo.”
Maior segurança e eficiência e menor condutividade elétrica
Leandro Laurentino, da Iconic, frisou que os elétricos irão contribuir cada vez mais para a descarbonização do planeta. Segundo ele, as linhas futuras de fluidos de arrefecimento devem atender aos conceitos de maior segurança, ampla eficiência na troca de calor e menor condutividade elétrica.
Contato direto com fontes de energia como as baterias
“Em alguns anos, o fluido já deverá estar em contato direto com as novas fontes de energia como as baterias. Precisaremos ter uma formulação mais robusta do produto para atendermos um nível quase zero de emissões de CO2 e um desempenho seguro e eficiente de carros, motos e caminhões”, disse Laurentino.
Brent Brennam, da Afton Chemical, abordou os fluidos de transmissão para elétricos, que, na sua avaliação, esse tipo de veículo, vai ser predominante no mercado já em 2040, o que vem exigindo investimentos crescentes dos OEMs (fabricantes de equipamentos originais).
Compatibilidade de materiais e proteção mecânica superior
De acordo com ele, os fluidos de transmissão elétrica são projetados para atender aos desafios de desempenho da eTransmission. E devem ser consideradas a compatibilidade de materiais, propriedades térmicas e elétricas e a proteção mecânica superior.
Lubrificantes de baixa viscosidade para motores a diesel
Jorge Manes, da Infineum, citando os lubrificantes de baixa viscosidade para motores a diesel, apontou a chegada do Euro VI no Brasil em janeiro. Conforme o especialista, todas as montadoras estão caminhando no sentido de maior economia de combustível e menor emissão de poluentes. “Então, é nesse contexto que os óleos de menor viscosidade ganham cada vez mais importância.”
Conforme Jeffrey Harmening, da American Petroleum Institute (API), com relação aos motores do futuro, todos os híbridos plug-in terão de utilizar óleos. Por outro lado, os elétricos terão que agregar novos fluidos.
Brittany Folino, da Lubrizol, citou que “cada região do mundo vai seguir sua vocação, e que na América do Sul, principalmente no Brasil, os híbridos vão predominar no caminho à eletrificação”. Segundo a executiva, esse tipo de veículo demanda lubrificantes mais robustos.