A Mercedes-Benz realizou nesta semana o primeiro crash test de Raio-X do mundo utilizando um automóvel real. Dentro do carro havia um Dummy SID II (boneco de teste) com uma anatomia feminina. Ele foi especialmente projetado para análises de impacto lateral. O teste foi feito em conjunto com o Instituto Fraunhofer de Dinâmica de Alta Velocidade, o EMI (Instituto Ernst Mach), em Freiburg, na Alemanha.
A demonstração inédita da prova de conceito, segundo a marca, demonstrou que a tecnologia de Raio-X de alta velocidade pode ser usada para visualizar processos de deformação interna altamente dinâmicos. Assim, as deformações que anteriormente eram invisíveis e seus processos exatos tornaram-se agora transparentes. As inúmeras imagens de alta resolução permitem uma análise precisa dos efeitos do impacto.
Acelerador linear como fonte de radiação
Há vários anos, a montadora pesquisa o uso do Raio-X em testes de colisão em conjunto com o EMI. O fator decisivo para o avanço foi a aplicação de um acelerador linear com tecnologia de 1 kHz como fonte de radiação. Segundo a fabricante, o dispositivo é muito mais poderoso do que os flashes de Raio-X usados anteriormente nos testes. Porque a energia dos fótons é de até nove mega elétron volts.
Mil imagens por segundo sem desfoque
A duração do pulso de Raio-X é de alguns microssegundos apenas. Essa velocidade mínima permite o registro de processos de deformação dos materiais sem desfoque nenhum causado pelo movimento. E o acelerador linear também gera um fluxo contínuo dos pulsos de Raio-X. O resultado é a possibilidade de até mil imagens por segundo. Isso significa em torno de mil vezes mais do que com procedimentos de Raio-X convencionais.
Feixes passam pelo veículo e pelos dummies
Durante o teste de colisão, os feixes passam pelo veículo e pelos bonecos de testes. Um detector plano fica sob o carro e serve como um receptor de imagem digital no sistema de Raio-X. Quando a radiação atinge o detector, surge um sinal elétrico. A intensidade do processo vai depender da potência da radiação absorvida anteriormente pela estrutura do veículo e dummie. Então, isso influencia o valor de cinza que será visível posteriormente. É semelhante à inspeção de Raio-X de bagagem no aeroporto.
Nos milissegundos do tempo real do impacto, o sistema de Raio-X dispara cerca de 100 imagens estáticas. Combinadas em um vídeo, elas fornecem insights altamente precisos sobre o que acontece em um acidente. É possível observar detalhadamente como o tórax do boneco é pressionado ou como um componente é deformado.
Teste não afeta outras ferramentas de análise
A parte de grande importância no caminho da pesquisa para a aplicação industrial da nova tecnologia é o fato de o teste de colisão por Raio-X não afetar nenhuma outra ferramenta de avaliação. Mesmo as câmeras internas no veículo de teste gravam o procedimento sem nenhuma incidência de distúrbio.
E em relação à proteção contra radiação no teste com Raio-X, os especialistas do instituto elaboraram um abrangente conceito. Dosímetros são utilizados como monitores para garantir que os funcionários não fiquem expostos. As medidas de proteção física incluem uma parede adicional de concreto de 40 centímetros ao redor do prédio e uma porta de proteção pesando cerca de 45 toneladas.
O Fraunhofer EMI é especializado em física, engenharia e ciência da computação de processos rápidos em experimentos e simulações. O objetivo é desenvolver soluções para aplicações industriais com foco em confiabilidade, segurança, resiliência, eficiência e sustentabilidade. O instituto lida com fenômenos de colisão, impacto e ondas de choque em todos os materiais.
Mercedes faz mais de 900 testes de colisão/ano
Em 10 de setembro de 1959, foi realizado o primeiro crash test na história da Mercedes-Benz, em um terreno aberto próximo a fábrica em Sindelfingen (Alemanha). Um automóvel de teste foi conduzido contra um obstáculo. Isso abriu um novo capítulo na pesquisa de segurança da montadora, pois permitiu estudar o comportamento de colisão de veículos e ocupantes em condições realistas usando carros e bonecos de testes.
Hoje, a Mercedes realiza até 900 testagens de colisão por ano e cerca de 1.700 testes de trenó no Centro de Tecnologia de Segurança Veicular em Sindelfingen. Nesta simulação, um trenó de teste é acelerado e freado. Um objeto de teste (carroceria do veículo ou conjunto) é montado no trenó e submetido às forças que surgem durante uma colisão real. Essas avaliações permitem testar de forma não destrutiva os componentes individuais, especialmente sistemas de retenção, como cintos de segurança.