O BMW Group Brasil, a Tupy (multinacional brasileira do ramo da metalurgia) e o Senai Paraná fecharam uma parceria para desenvolver um processo sustentável para a recuperação de compostos químicos das baterias em fim de vida de veículos elétricos.
O projeto tem por objetivo desenvolver a reciclagem de baterias por hidrometalurgia. Esse processo é mais sustentável que a tradicional pirometalurgia, bastante utilizada nos dias de hoje. A hidrometalurgia envolve menos emissões de gases de efeito estufa. Também reduz a necessidade da extração de minerais pelos meios tradicionais de mineração.
Cada uma das empresas trará seus conhecimentos para os estudos. A Tupy, através da Tupy Tech, dedica sua expertise em materiais, metalurgia e processamento de geometrias complexas. Essa experiência é dedicada ao desenvolvimento de tecnologias que contribuam com a jornada de descarbonização dos clientes.
O Senai Paraná será o executor do programa de pesquisa e também responsável pelas atividades e entregas dos resultados do levantamento. A pesquisa será feita no Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica (ISI-EQ), em Curitiba, no Paraná.
O BMW Group Brasil, que criou o projeto, e como montadora focada na eletromobilidade mundial, disponibilizará conhecimento técnico. Também fornecerá as baterias do veículo elétrico BMW i3 para o desenvolvimento do processo de reciclagem por hidrometalurgia.
Ressíntese dos materiais reciclados
Segundo a BMW, a marca está alinhada à sua estratégia mundial de sustentabilidade e economia circular. Conforme o grupo, “a ressíntese dos materiais reciclados, para produção de novas células de baterias a partir do material reciclado, também é uma das entregas mapeadas junto ao ISI-EQ”.
Investimento de R$ 3,4 milhões
O investimento no projeto de reciclagem de baterias é de R$ 3,4 milhões. De acordo com a montadora, o programa abre uma nova rota para uso de minerais reciclados na fabricação de baterias novas, “o que diminuirá sensivelmente a dependência da matéria-prima mineral primária”.
Primeiros resultados já em 2022
Com duração de 24 meses, a previsão é que os primeiros resultados sejam analisados ainda em 2022. O trabalho será direcionado à ressíntese do material ativo do cátodo de uma bateria, com reciclagem de 100%. Ainda serão identificados parâmetros de eficiência no processo, da pureza dos materiais reciclados, do índice econômico e do índice ambiental.
De acordo com o CEO da Tupy, Fernando Cestari de Rizzo, os compostos químicos são raros na natureza e a reutilização destes materiais representa um grande desafio científico e tecnológico para toda a sociedade. “Essa aliança da Tupy com o BMW Group Brasil e o Senai está alinhada a inúmeras iniciativas mundiais relacionadas à cadeia de valor dos veículos elétricos e, principalmente, à jornada de descarbonização, à qual temos dedicado diversas frentes de pesquisa”, considera.
Tecnologia 100% nacional
O Instituto Senai de Inovação em Eletroquímica destaca a novidade que permitirá às empresas do setor automotivo obterem uma tecnologia 100% nacional. “A reciclagem e a ressíntese do material para ser reutilizado na fabricação de novas baterias para veículos elétricos é a grande inovação desse projeto e está alinhada com a visão da economia circular de veículos elétricos”, apontam Marcos Berton e Heverson Renan, pesquisadores do ISI-EQ.
Futuro sustentável da mobilidade
Diretor de Sustentabilidade e Infraestrutura do BMW Group Brasil, Vivaldo Chaves explica que o grupo tem como premissa garantir o futuro sustentável da mobilidade. “Estamos desenvolvendo diversos estudos e projetos para o segundo uso da bateria dos veículos elétricos como o desenvolvimento de estação de recarga para veículos elétricos totalmente desconectados da rede de energia. Essa nova parceria com a Tupy e com o Senai é um passo adiante, pois, no futuro, poderá viabilizar a produção de novas baterias com reduzida extração de matérias primas do meio ambiente.