A piora no fornecimento de componentes eletrônicos, com a escassez global de chips, abriu uma nova onda de paralisações na indústria automotiva brasileira. Praticamente metade das fábricas de automóveis do País – 9 de 21 unidades – está parando, por períodos que vão de dias a meses, pela indisponibilidade do insumo.
Após a recomposição de parte dos estoques de peças que permitiu ao setor funcionar sem tantas interrupções a partir de meados de abril, seis montadoras foram obrigadas a desligar novamente as máquinas. Volkswagen, General Motors (GM), Hyundai, Renault, Honda e Nissan formam a lista de fabricantes que comunicaram novamente paradas completas ou parciais de produção, algumas em mais de uma fábrica.
A direção da Anfavea, que representa as montadoras no Brasil, reforçou, durante a divulgação dos resultados da indústria automotiva de maio, a visão de que a crise no abastecimento de componentes eletrônicos não tem solução de curto prazo, devendo provocar novas paradas de produção de automóveis até o fim do ano.
Ao observar que a capacidade de produção global de semicondutores não cobre a demanda deste ano, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, lembrou de previsões de especialistas e fornecedores que apontam para uma normalização no fornecimento do insumo somente em 2022. “Teremos algumas emoções até fim do ano”, afirmou.
O setor prevê que 3% a 5% da produção global esperada para este ano, de 84 milhões de veículos, será perdida.
Onix usado fica até R$ 11 mil mais caro em 6 meses
Com automóveis que carregam em torno de 1 mil semicondutores e sistemas integrados , como é o caso, por exemplo, do Chevrolet Onix, a General Motors vai suspender a produção em São Caetano do Sul (SP) por seis semanas devido à falta de chips e também para adequar a linha de montagem para produzir uma nova picape.
A filial de Gravataí (RS) está sem produzir desde abril o Onix, carro que era líder de vendas antes da crise. O que fez disparar o preço dos usados. Assim, os valores dos seminovos estão perto de se igualar aos das tabelas de novos. As versões de entrada e intermediária praticamente desapareceram.
A maioria dos consultores diz que os poucos carros disponíveis são da versão de topo de linha, Premier. Com tabela de R$ 93 mil, ela tem a menor participação nas vendas do modelo. A opção de entrada tem motor 1.0 de até 82 cv e câmbio manual de cinco marchas. Segundo dados da Fipe, o hatch tem preço médio de R$ 59 mil, no caso da linha 2021, e de R$ 53,6 mil no caso da 2020.
Ou seja, o valor do modelo 2021 subiu R$ 7,5 mil em menos de seis meses. Em janeiro, o preço médio era de R$ 51.500.
A supervalorização não é “privilégio” do hatch. No caso do sedã, a versão LT turbo com câmbio automático do modelo 2021 ficou, em média, R$ 10,4 mil mais cara desde janeiro. No início do ano, o preço médio era de R$ 65,9 mil. Agora, o mesmo carro é cotado por, em média, R$ 76,3 mil. Já a tabela do novo é de quase R$ 78 mil.
Volkswagen inicia parada no dia 21
A Volkswagen confirmou que vai paralisar a produção nas fábricas de São Bernardo do Campo e de São Carlos (SP) por não dispor de chips. A parada começa dia 21 e se estenderá por dez dias úteis. As unidades de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) estão sem produzir desde segunda-feira e o retorno ocorreria dia 21, mas, na planta paranaense, a parada foi estendia também até 1º de julho.
O grupo afirma que “novas paralisações não estão descartadas futuramente caso o cenário global de fornecimento de semicondutores permaneça crítico, impactando as atividades de produção da empresa no Brasil”. Atualmente, dez fábricas de montadoras de carros e de motores, de um total de 26, estão paradas ou com agendas de paralisação ao longo do mês, e uma reduziu um turno de trabalho.
Outras montadoras
As fábricas da Honda em Sumaré e Itirapina (SP) retornam na última segunda-feira. A Renault parou nos dias 27 e 28 de maio e 6, 9, 10 e 11 deste mês, enquanto a Nissan já parou dois dias nesta semana e para mais dois na próxima. Já a Hyundai suspendeu o terceiro turno de trabalho.