A pandemia e a dificuldade da indústria automotiva em produzir, especialmente por falta de peças, criaram um problema para as locadoras de veículos. Sem poder comprar carros, as locadoras não conseguem renovar frota. Além da perda de margens com a venda de seminovos, os custos com manutenção crescem de maneira significativa.
Este atraso das montadoras têm atrasado as entregas de pedidos no varejo e também no atacado (frotistas), ocasionando relevante alta dos preços dos veículos novos no mercado. Por ora, as locadoras vêm se beneficiando desses aumentos. Isso porque, quando o preço do carro novo sobe, os usados também tendem a se valorizar.
Segundo a plataforma de precificação de veículos Checkprice, o preço médio do carro zero-quilômetro subiu de 20% a 25% em 2021.
Neste cenário, as locadoras vêm se preparando para um ano difícil. No início do mês, a Localiza anunciou uma emissão de debêntures no valor de R$ 1,2 bilhão, recursos que segundo a empresa deverão ser destinados à recomposição de caixa. Em fevereiro deste ano, a Unidas aprovou uma emissão de R$ 450 milhões em debêntures também para reforço de caixa.
Pedidos suspensos
Para enfrentar um período de pressão, as locadoras estão reajustando até os contratos de longo prazo para pessoas físicas (também conhecidos como “carro por assinatura”) e de terceirização de frota. Segundo apurou a Agência Estado, as empresas têm aplicado cláusulas de reajustes no meio do período de vigência dos contratos em razão da inflação no setor, o que historicamente não acontecia. “As locadoras estão fazendo o possível para preservar o caixa neste ano, mas os reajustes têm um limite de aplicação porque o cliente só vai absorver o que ele puder”, diz uma fonte ligada às montadoras.
Em nota, a Localiza informa que “não houve mudança no modelo de precificação da companhia” e que os contratos de longo prazo, tanto para pessoas físicas quanto para empresas, “são feitos de acordo com condições específicas, desenhadas em função das demandas e necessidades de mobilidade dos clientes, incluindo quilometragem rodada e prazo que normalmente varia entre 24 e 48 meses”.
A empresa acrescenta ainda que “os preços de aluguéis para novas contratações podem variar de acordo com as condições de compra e venda de cada carro e cenário econômico, em especial taxas de juros futuros.”
Fonte: Agência Estado