O setor de autopeças é considerado essencial desde o início da pandemia no Rio Grande do Sul. Reunindo varejo e atacado de peças, reparação automotiva e retificadoras têm permissão para trabalhar, inclusive, na bandeira preta que vigora no Estado desde o final de fevereiro por conta do aumento dos casos de Covid. A permissão, entretanto, traz algumas regras importantes para o funcionamento dos negócios.
“Poder abrir não significa que é possível atender todo mundo ao mesmo tempo ou permitir que todos os funcionários estejam no mesmo espaço. Cada negócio tem a sua estrutura, mas é preciso respeitar as regras de distanciamento estabelecidas em cada bandeira. No caso da preta, por exemplo, só é permitido uma pessoa a cada 8m²”, destaca Marco Antônio Machado, assessor jurídico do Sincopeças-RS (Sindicato do Comércio Varejista de Veículos de Peças e Acessórios para Veículos do Rio Grande do Sul).
Nas últimas semanas, devido às restrições mais severas da bandeira preta e o congelamento da cogestão – mecanismo que permite às prefeituras adotarem regras mais brandas à da bandeira em vigor –, muitos municípios exigiram o fechamento de lojas de autopeças e oficinas mecânicas. A alegação é que os estabelecimentos não faziam parte dos serviços essenciais.
Segundo Machado, situações foram relatadas por empresas de cidades do Norte e Noroeste do Estado, mas também na Região Metropolitana.
“Houve casos onde os prefeitos usaram reportagens de veículos de comunicação para justificar que o setor não fazia parte da lista de serviços essenciais. O que acontece é que poucas vezes as reportagens trazem a lista completa dos serviços, apenas citam alguns exemplos, como farmácias e supermercados. O setor de autopeças nunca faz parte das referências, mas isso não deve ser usado como argumento”, destaca Machado.
Para auxiliar os negócios do setor, o Sincopeças-RS reuniu material oficial do governo do Estado, onde traz as informações sobre a possibilidade de funcionamento. Os textos são ofertados aos empresários que, eventualmente, possam ser abordados para fechar durante a bandeira preta. “A gente ainda orienta que todos usem uma arte falando ‘serviço essencial’, tem muita gente que é visual e essa pode ser uma forma efetiva de comunicação”, explica o assessor jurídico do Sincopeças-RS.
A VOLTA DA COGESTÃO
O governador Eduardo Leite vem dando indícios, ao longo desta semana, sobre a possibilidade de retomar a cogestão a partir da próxima segunda-feira (22). O Rio Grande do Sul, no entanto, deve seguir em bandeira preta até abril, pelo menos.
Na avaliação de Machado, a cogestão é importante para a economia e permite que a economia gire, dando a outros setores, faturamento. “Mas não quero aqui especular sobre a decisão que ainda não foi tomada. Para o setor de autopeças, a cogestão nos daria regras da bandeira vermelha, que muda pouca coisa nos nossos protocolos de funcionamento. A medida, no entanto, é importante para os demais setores. Temos que aguardar a decisão do governador”, salienta.
Segundo Eduardo Leite, a cogestão poderá ser retomada na segunda-feira, mas não deve valer para a educação, que permanecerá com atividades presenciais restritas. A tendência é de que o comércio não-essencial possa funcionar de segunda a sexta-feira até as 20 horas, com entrada até as 19 horas.
ORIENTAÇÃO PARA OFICINAS MECÂNICAS
As oficinas mecânicas são orientadas a redobrar os cuidados com os carros dos clientes. Usar os EPIs adequados e fazer a higienização/ sanitização dos automóveis antes da entrega para os clientes é fundamental. Outro ponto de orientação do Sincopeças-RS é que o clientes sejam recebidos, na entrega e retirada do veículos, na parte externa da oficina, sem acesso ao prédio.
ATACADO E VAREJO DE PEÇAS
Sempre que possível, permitir o trabalho remoto dos colaboradores que não precisam estar fisicamente no local. Além disso, organizar a disposição dos funcionários para cumprir o distanciamento mínimo nos espaços de trabalho. Cada negócio é livre para decidir se receberá ou não o cliente dentro da loja, mas também é preciso considerar o distanciamento e o número de pessoas dentro do espaço.
Foto principal: Rodrigo de Oliveira/ Agência Sebrae