Como será 2021? O que a economia e a política reservam para os mercados? A vacina chegará para estancar a sangria provocada pela pandemia de coronavírus? Entre tantas dúvidas, a certeza de que independentemente do que acontecer, os desafios para o ano que se avizinha serão grandes em todos os setores, inclusive para o de autopeças.
A previsão é que o setor tenha uma queda de 26,5% em 2020, na comparação com 2019. Retração que, em valores, representa 39,5 bilhões a menos no faturamento. No quesito investimento, a queda é maior ainda, chegando a 42%.
Os números são do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) e foram apresentados nesta quinta-feira (5) pelo conselheiro da entidade Elias Mufarej durante reunião on-line com os associados da Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças (ASDAP).
“Parece que conseguimos sobreviver a tempestade mais difícil. Tivemos três meses de indústria parada e agora estamos retomando. Contabilidade, pesquisa e dias trabalhados serão maiores no próximo ano. Por isso, acreditamos em crescimento de 21,2% sobre 2020. Devemos movimentar R$ 135 bilhões”, projeta Mufarej.
Os meses mais críticos para a indústria de autopeças foram observados entre março e maio, quando a capacidade instalada chegou a 40%. A partir de junho, mês a mês, a produção vem aumentando. Hoje, segundo o Sindipeças, a capacidade da indústria nacional, no setor, está em 65,65%, podendo chegar a 70% até o final do ano. Percentual igual ao do início de 2020.
“Essa parada da indústria reflete fortemente na produção. Uma siderúrgica desligar os fornos é fácil, mas ela não religa na mesma velocidade. Mesma dificuldade encontramos em outros setores que fornecem matéria-prima, como o de resinas, por exemplo”, destaca Mufarej, explicando porque há neste momento dificuldade na produção e entrega de produtos.
PONTOS FORTES E FRACOS PARA 2021
Com experiência na área da indústria de autopeças desde 1963, o conselheiro do Sindipeças compartilhou pontos importantes e que serão os desafios para o setor no próximo ano. O efeito cambial, o desemprego e consequente queda na renda do brasileiro, a inadimplência e a dificuldade em obter insumos e componentes importados são, na visão de Mufarej, pontos críticos para os empresários do setor em 2021.
Por outro lado, a estabilização e o envelhecimento da frota no Brasil, a necessidade de manutenção preventiva da frota estão entre os pontos positivos para o setor no próximo ano. “Podemos cravar. Nos próximos anos, o mercado de reparação vai crescer muito. Isso se explica devido à frota de veículos com mais de dez anos precisar de revisão maior e mais completa para rodar”, destaca.
FROTA CIRCULANTE NO BRASIL
De acordo com dados apresentados por Mufarej, em projeção feita antes da pandemia, o Brasil deve terminar 2020 com uma frota de 60,286 milhões de veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas. Número apenas 2,4% maior do que na comparação com 2019.
O Rio Grande do Sul tem a quinta maior frota do País atrás de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, respectivamente.
A produção de novos veículos teve um tombo importante neste ano. Em projeção ajustada, a indústria deve produzir pouco mais de 1,6 milhão de novos veículos. Número bem abaixo do recorde de 2013, quando foram produzidos no Brasil mais de 3,7 milhões unidades.
“Esses números só mostram a importância que o setor de reparação terá nos próximos anos”, conclui Mufarej.
Crédito de abertura: Agência Brasil