Associação Sul-Brasileira
dos Distribuidores de Autopeças

Por mais que o coronavírus ainda circule pelo País, a economia já retoma o rumo e vem crescendo nos últimos meses. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias, por exemplo, cresceu 19,2% entre julho e agosto. E segue em destaque.

A produção dos automóveis é um setor importante na economia. Ela impacta não só dentro da categoria de bens de consumo duráveis, mas no setor industrial como um todo, porque influencia na confecção de autopeças, caminhões e carros em geral.

E para produzir mais, é preciso ter mais insumos. O problema é que a volta em ritmo acelerado da atividade industrial causou um descompasso entre a demanda das fábricas e a capacidade de abastecimento dos fornecedores. 

“Ao longo dos últimos meses tem havido crescimento nos programas de produção das montadoras dos diferentes tipos de veículos, superior ao originalmente programado, o que é muito positivo. Esse processo, puxado pela demanda mais favorável, tem o seu tempo de ajuste em cadeias longas como a do setor automotivo”, destaca Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças.

Escassez de aço tem afetado setor de autopeças

 

AÇO EM FALTA

Há, no entanto, movimentos para assegurar os estoques do principal item em falta na indústria de transformação: o aço. No início do mês de outubro, representantes das indústrias de veículos, autopeças, máquinas e eletrodomésticos se reuniram com o setor siderúrgico para discutir soluções para o abastecimento das cadeias.

Para ajudar as siderúrgicas, os clientes entregaram uma relação dos produtos que mais precisam, considerando os próximos seis meses, para que as usinas direcionem a produção à demanda dos demais setores.

O problema de desabastecimento diminui, mas não se encerra. Porque também há falta de componentes básicos, entre eles pneus, em fábricas de caminhões e motocicletas. Setores cuja produção foi estimulada, respectivamente, pelo transporte da safra recorde de grãos e pelo boom nos serviços de tele-entrega. 

LIMITAÇÃO TAMBÉM NO VAREJO

Embora não haja relatos de interrupções significativas de linhas, a escassez de insumos está presente em toda a cadeia. É um desequilíbrio considerado circunstancial, mas que pode levar entre dois e três meses para ser completamente solucionado, segundo especialistas.

O varejo do setor de autopeças também enfrenta dificuldades pontuais para adquirir produtos. O atraso em entregas decorre da paralisação das fábricas, durante a pandemia, tem mais impacto nas empresas que não investiram em construir estoque. “Sem vender, a alternativa foi não comprar, pois assim era possível seguir. O efeito vem agora. Mas temos visto que, pouco a pouco, a situação tem melhorado. Vai voltar ao normal, mas vai levar algum tempo ainda”, afirma Gerson Nunes Lopes, presidente do Sincopeças-RS.

CRIATIVIDADE PARA ATENDER O CLIENTE E FATURAR

Até a situação se resolver, as empresas têm sido criativas para conseguir atender os clientes da melhor forma possível. A Cunhados Autopeças, que trabalha com toda parte elétrica para a linha pesada, tem feito transferências de estoque entre as unidades, para conseguir suprindo as faltas de algumas filiais, mesmo que para isso precise “enxugar” em outras. 

Cunhados Autopeças (SC) tem remanejado estoque entre filiais para garantir abastecimento | Divulgação

 

Segundo levantamento do Departamento de Compras da Cunhados, a empresa enfrenta dificuldade com todos os fabricantes, pois todas dependem de matéria-prima que estão em falta no mercado, como por exemplo: cobre, plástico, aço, etc.

Além de ter que lidar com toda a situação desencadeada pela pandemia do coronavírus, a Cunhados Peças também teve o aumento das vendas estimulado pela nova situação tributária em Santa Catarina. Desde abril, o Estado não cobra ICMS-ST (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) nas operações com autopeças.As alterações têm efeitos tanto nas operações internas como nas interestaduais que tenham como destino o estado catarinense.

Tivemos que adequar os estoques de segurança em todas as unidades, a procura foi além do que estávamos acostumados antes da pandemia. Porém, em relação a 2019, nosso estoque diminuiu”, destaca Natália Bueno de Liz, sócia da Cunhados Peças.

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