Associação Sul-Brasileira
dos Distribuidores de Autopeças
Perspectivas para o período pós-pandemia são boas para o setor de autopeças
Dia 28 de abril de 2020 | Por Roberto Alves d'Azevedo | Sobre Destaques e Mercado e Últimas Notícias

A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, tem o seu pico no Brasil estimado para maio, a projeção de um mês de junho ainda muito complicado e uma desaceleração a partir de julho. Com a economia praticamente toda parada há cerca de um mês, mesmo com vários setores retornando lentamente às atividades nas próximas semanas, a retração é inevitável em 2020 e 2021 e uma séria preocupação para todos, assim como para a cadeia do setor automotivo.

Mesmo diante desse cenário, o consultor Marco Flores (foto à esquerda), que trabalha olhando mais à frente, tem uma visão otimista para o segmento de autopeças. “Neste momento, temos que entender que o problema tem final anunciado. É para chegar ali que temos que trabalhar. Setembro já veremos melhoras e, tenho convicção, outubro será o melhor mês da história para a reparação de veículos”, afirma o fundador da empresa carioca 2D Consultores Associados.

A liquidez imediata na cadeia automotiva brasileira poderá ser afetada. Se as fábricas e montadoras ficarem sem receita por um tempo maior que o tamanho de seus caixas, não poderão honrar os recebíveis dos fornecedores de autopeças que já entregaram seus produtos meses antes. O chamado “efeito dominó” é uma ameaça real à adimplência de toda a cadeia.

A recomendação de Flores aos segmentos de distribuição e reparação é que se atentem para as linhas de financiamento que o governo federal está disponibilizando. “Tenho a informação de que agora, no fim de abril, o Tesouro Nacional está acertando os detalhes com bancos privados para liberar linhas de crédito para empresas que tenham faturamento de R$ 30 mil a R$ 835 mil por mês. Vai ter dinheiro aí para solucionar essa falta de liquidez momentânea”, pondera ele.

Essa perspectiva, que Flores faz questão de afirmar que é realista, está baseada em dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e em estudos que vêm sendo feitos sobre a nova realidade que as pessoas encontrarão quando acabar o isolamento social imposto pela pandemia. “A gente sabe, por exemplo, que a mobilidade urbana será diferente depois de tudo isso. As pessoas certamente estarão mais exigentes e cuidadosas com a segurança da sua saúde. Nesse sentido, a agência carioca TWF Competence já constatou, através de pesquisa, que a compra ou troca de carro está nos planos de 60% dos brasileiros para depois da pandemia”, relata.

Por sua vez, o IBGE informa que, das 68 milhões de habitações existentes no País, os moradores de 700 mil delas não têm carro por opção, embora tenham condições para isso. O rumo desse potencial de negócios será basicamente o mercado de carros usados, porque a recessão consequente da pandemia levará a uma natural retração defensiva de consumo. Atualmente, o Brasil tem cerca de 45 milhões de veículos e 30 milhões estão em idade de manutenção. A idade média da frota de veículos brasileira é 9,8 anos, a mais antiga dos últimos 18 anos. E já antes da pandemia, informa o IBGE, o setor que mais cresceu em 2019 foi o de autopeças (10%), à frente inclusive das farmácias (7%).

“Os dados estão aí, à disposição de todos. Em 2019, foram emplacados 2,8 milhões de veículos no Brasil. Vejam bem: só neste primeiro trimestre do ano, foram vendidos 2,4 milhões de carros seminovos e usados. Tenho certeza que 2021 será o melhor ano da história para o setor de autopeças, podem me cobrar”, afirma Flores.

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