O isolamento domiciliar compulsório das pessoas e a paralisação de todas as atividades consideradas não essenciais, há uma semana no Rio Grande do Sul, visa proteger a população da pandemia que abala o mundo e está chegando ao Brasil, mas também abala seriamente a economia como um todo pelas consequências que virão em seguida. “Estamos trabalhando ainda, mas nosso movimento está reduzido a 25% do que era normalmente. E a virada do mês, com todas as incertezas que estão aí postas, nos preocupa muito”, afirma o empresário Henrique Steffen (foto à direita), presidente da Asdap – Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças.
Os associados da Asdap estão em contato permanente por meio de um grupo de WhatsApp criado no final de semana passado. Depois de alguns dias de angústia, a semana até começou com um certo alívio para os distribuidores gaúchos de autopeças, porque, logo na segunda-feira, dia 23, o Governo do Estado corrigiu o decreto editado na quinta-feira anterior, 19, em que declara situação de calamidade pública em todo o território do Rio Grande do Sul e limita as atividades públicas e privadas essenciais. A distribuição de autopeças foi, então, incluída na lista de atividades essenciais nessa correção. “Entenderam que sem o setor de autopeças poderia parar, a qualquer momento, os setores de transporte, leve e pesado, o abastecimento geral, a colheita da safra e até as tele-entregas que tanto cresceram nessa nova realidade”, explica Steffen.
Alguns distribuidores, porém, não hesitaram, se anteciparam aos debates, fecharam suas lojas e deram férias coletivas para seus colaboradores, reconhece o presidente da Asdap. Entretanto, como todo o País, a maioria dos associados aguarda, um dia após o outro, alguma notícia que inspire uma perspectiva mais confiável. Além da diminuição da demanda, os estoques têm limite.
O governador do Estado, Eduardo Leite, está garantindo que o fechamento não será alterado antes do dia 6 de abril, na melhor das hipóteses. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informa que todos os fabricantes de automóveis já interromperam a produção no País, com previsão de assim ficarem até a segunda quinzena do mês. Da mesma forma, os fabricantes de motos e de bicicletas. As empresas de autopeças e os fabricantes de pneus também pararam.
“Estamos em contato permanente com a Secretaria da Fazenda, porque, a cada dia, surge um decreto estadual ou uma medida provisória nova. Estão chegando as datas de pagamentos de impostos e precisamos de orientações claras nessa hora de ajuda geral”, conta Steffen. A principal preocupação de todos na Asdap é com o fluxo de caixa, mas “a folha de pagamento será honrada normalmente em abril e até agora ninguém cogitou qualquer demissão”, garante o presidente.