Associação Sul-Brasileira
dos Distribuidores de Autopeças

Pelo quarto ano consecutivo, o economista Pedro Lutz, da Cooperativa Sicredi, foi convidado pela Asdap – Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças para falar aos seus associados sobre o “Cenário Econômico e Perspectivas”, analisando a performance da economia brasileira ao longo de 2019 e fazendo projeções para o ano que se inicia. O encontro foi realizado na última segunda-feira, dia 13, na sede da HSCAR Distribuidora, em São Leopoldo (RS).

Lutz fez uma ampla análise dos primeiros resultados obtidos pelo atual Governo e, demonstrando uma boa dose de otimismo, resumiu: “Teremos um 2020 de inflação estável, ao redor dos 3%, as taxas de juros continuarão baixas, o crédito abundante, a confiança vai sendo retomada aos poucos, o desemprego caindo e o consumo das famílias crescendo. O Governo tem muito o que fazer ainda, mas estamos no caminho certo”.

O economista não deixou de alertar, porém, os importantes obstáculos desse caminho: o conturbado cenário internacional, que não deve melhorar em função das eleições nos Estados Unidos (EUA) em novembro; o calendário apertado para as novas reformas que chegarão ao Congresso, pressionado pelas eleições municipais brasileiras deste ano; e a redução das despesas do Governo, que apontam para o necessário reequilíbrio das contas públicas, mas tornam a volta do crescimento ainda mais lenta.

A taxa de câmbio, de acordo com os principais economistas nacionais, deve se manter estável, sem grandes variações, ao redor dos R$ 4,15 por dólar (entre R$ 4,05 e R$ 4,25). Entretanto, Lutz destaca que a guerra comercial dos EUA com a China e a onda de protestos pela Europa e América Latina formam um cenário instável que, junto com os altos juros praticados pelo país norte-americano, tornam o dólar muito forte e com potencial de maior valorização em todo o mundo.

“O Governo aprovou a lei do teto (de gastos públicos), aprovou a regra que proíbe créditos subsidiados (BNDES, por exemplo) sem passar pelo orçamento, aprovou uma boa reforma trabalhista, aprovou uma substanciosa reforma da Previdência e aprovou a regra do saneamento básico. O Congresso mostrou que não está a reboque do Executivo e está comprometido com as reformas que o País precisa”, destacou Lutz. “Mas o País precisa crescer mais do que estes 1,2% (estimativa a ser confirmada em março) e, para isso, é preciso ajustar as contas públicas, não apenas pelo lado das despesas, mas melhorando o ambiente de negócios”, completou o economista.

Destaque para um assunto que merece toda a atenção dos brasileiros em 2020 e ainda está sem encaminhamento: a reforma tributária. “Essa não pode ficar a cargo do Congresso. É preciso a iniciativa do Executivo. Uma proposta técnica. A área econômica já mostrou que não tem essa proposta. Tinha uma, que se baseava na volta da taxação sobre a contribuições financeiras, mas os presidentes da República e da Câmara já vetaram. Seria alcançar os sonegadores da informalidade, mas uma carga pesada demais para quem já paga e uma ameaça ao bom crescimento do crédito que tivemos em 2019”, disse Lutz.

Na opinião do economista, o Imposto de Valor Adicionado (IVA) virá mais cedo ou mais tarde, unificando vários impostos indiretos que existem, para simplificar a contabilidade geral, facilitar o entendimento de todos e incentivar o pagamento de quem está na informalidade mas gostaria de se legalizar. Porém, há diversos outros aspectos da reforma tributária que precisam ser definidos pela equipe econômica dentro do contexto de liberalização que o Governo pretende.

A previsão de Lutz é que o Brasil crescerá este ano o dobro de 2019: 2,4%. Há que se ter consciência, entretanto, de que o financiamento dessa evolução não virá dos cofres públicos. A iniciativa privada já vem demonstrando que tem interesse e está fazendo isso. A construção civil é o exemplo mais claro. Os juros reais muito baixos incentivam o mercado interno, mas bloqueiam a vinda do capital estrangeiro, que só será atraído quando aumentar o crescimento e as reformas fiscal e tributária garantirem uma confiança cada vez maior no ambiente dos negócios.

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