Falar sobre novas tecnologias atrai as atenções hoje em qualquer lugar do mundo. Em uma feira de autopeças e reparação automotiva, então, muito mais. O professor e consultor Flávio Xavier, uma referência nacional em manutenção eletrônica veicular, participou esta semana da programação da Arena do Conhecimento da Reparasul, que segue até amanhã, dia 23, nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo (RS), para tratar do tema Oficina do Futuro, mas encantou mesmo a plateia com as novidades tecnológicas citadas, explicadas e comentadas. A mais importante delas foi sobre o avanço do mercado de carros elétricos.
“O carro elétrico é uma realidade, está aí, mas ainda vai demorar para chegar ao mercado de fato. Muita gente pensa que é pela falta de autonomia, pouca capacidade das baterias, mas, na verdade, o grande problema são os poderosos produtores de petróleo. Estima-se hoje que, se não for descoberta mais nenhuma fonte de petróleo no mundo, nunca mais, o estoque de petróleo atual poderia suprir a demanda mundial até o ano 2180. Ou seja, mais de 160 anos de reservas. Não há preocupação com o meio ambiente, por maior que seja, capaz de permitir que o advento dos motores elétricos termine assim com a riqueza e o poder do petróleo”, explicou Xavier.
Se os carros elétricos tomassem conta do mercado de uma hora para outra, a indústria de velas também terminaria, por exemplo. Seria o fim dos filtros de ar e de gasolina e as oficinas não teriam mais o que fazer. “Por isso, quem vai chegar forte agora são os carros híbridos. Eles atendem todos os mercados e darão tempo para as adaptações necessárias com a evolução das novas tecnologias de preservação do ambiente e de segurança veicular”, completou o professor.
Sobre a problemática autonomia dos elétricos também há novidades. “Já estão sendo projetadas na Europa vias onde os veículos elétricos serão abastecidos por wireless durante o tempo em que estarão rodando. Serão vias com pistas separadas para automóveis diferentes: uma pista para carros ditos normais, outra para os elétricos e outra para os autônomos”, contou Xavier. E para quem acompanha as adaptações às tendências de futuro, mais uma informação: a Exxon, que é uma renomada produtora de petróleo, tem pesquisas e estudos sobre o armazenamento de energia na própria lataria dos carros elétricos.
Com relação à Oficina do Futuro, Xavier foi sintético e disse que os fios vão continuar existindo, assim como os sensores, e o que vem a mais, basicamente, são as baterias. Como conselho, afirmou que a tecnologia do futuro nas oficinas se resume ao osciloscópio (foto ao lado), um aparelho para diagnóstico eletrônico veicular com o qual ele trabalha desde 1996 e que, durante muitos anos, ouviu opiniões de que não servia para nada. “Agora todo mundo está vendo que é um aparelho imprescindível em qualquer oficina”, enfatizou o professor.
Antes de encerrar, Xavier falou de mais uma inovação tecnológica que está em fase final de construção. Trata-se de um projeto de frenagem com air bag desenvolvido pela Mercedes Benz, que já existe, mas está em fase de testes e, portanto, ainda não chegou ao mercado. O air bag fica alocado no assoalho do veículo e, na iminência de uma batida, é acionado por sensores. Esse acionamento levanta o carro cerca de oito centímetros e arrasta a bolsa no piso, ajudando a frenagem em função do maior atrito com o solo.