A diversidade e a inclusão se tornaram pautas essenciais nos ambientes corporativos. Promover um espaço de trabalho que possibilite crescimento e desenvolvimento profissional independente de gênero, idade, raça e orientação sexual deve ser uma busca constante das empresas e elevado a valor organizacional.
Além de representar justiça social, o incentivo à diversidade e inclusão é percebido – internamente e externamente – como vantagem competitiva e costuma contribuir para a atração e retenção de talentos, podendo, inclusive, impactar positivamente os resultados financeiros das companhias. Uma pesquisa da Mckinsey & Company indica que empresas com diversidade de gênero, étnica e cultural na liderança têm 35% a mais de chance de alcançar desempenho financeiro acima da média.
Entretanto, no Brasil, encontramos pouca diversidade nas organizações, principalmente em cargos de diretoria e liderança. Infelizmente, as empresas do segmento automotivo não fogem à regra e precisam encarar uma série de desafios para se tornarem organizações mais inclusivas.
Conclusões como essa fazem parte da pesquisa Diversidade no Setor Automotivo, promovida por Automotive Business em parceria com a MHD Consultoria, que mostra que apenas 12% das companhias instaladas no País que compõem essa cadeia de valor contam com programas estruturados para a diversidade, enquanto mais de 50% delas ainda estão nos estágios iniciais, desenhando as primeiras ações.
De acordo com o estudo inédito, apresentado no início deste mês no Fórum AB Diversidade no Setor Automotivo, em São Paulo (SP), o segmento é predominantemente masculino e branco, sobretudo nos cargos mais altos. A participação feminina em cargos de presidência e vice-presidência corresponde a somente 10% do total e a desigualdade salarial continua a ser uma realidade enfrentada por elas, que chegam a ganhar até 34% menos do que um homem que exerce a mesma função de liderança.
Outro grupo minoritário nas empresas do setor é o de pessoas negras, que ocupam 4% das posições de diretoria e não participam de cargos de vice-presidência e presidência. Apesar de a população brasileira ser de maioria negra ou parda, as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que apenas 11% do total de trabalhadores da indústria automotiva pertence a essas etnias.
A boa notícia é que o setor automotivo reconhece a importância da diversidade e da inclusão como estratégia de negócio. Para 74% das empresas que participaram da pesquisa, ações afirmativas podem contribuir para a amplitude de pensamento dos funcionários. A maioria das organizações defende ainda que esse é o caminho para fortalecer a imagem da companhia e acelerar a inovação.
Com tantos desafios e oportunidades pela frente, a Rede AB Diversidade, formada por quase 30 empresas-membro para pensar o tema, estimular ideias e debater com especialistas, decidiu construir coletivamente a Cartilha de Boas Práticas em Diversidade e Inclusão no Setor Automotivo, também lançada durante o evento na capital paulista. O objetivo do material, que reúne cerca de 200 sugestões de como gerir a diversidade nas organizações, incluindo questões de gênero, etnia, pessoa com deficiência (PCD) e gerações, é apoiar, guiar e inspirar as empresas para que se tornem mais inclusivas, benéficas aos seus colaboradores, à sociedade e, assim, mais inovadoras e lucrativas.