Demorou, mas agora é realidade na capital gaúcha. Foram mais de seis anos entre a primeira nota técnica elaborada por um grupo de estudos da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) sobre o Sistema Inteligente de Transporte (ITS*) e a implantação oficial do aplicativo CittaMobi, anunciada pela Prefeitura de Porto Alegre há pouco mais de um mês. A ferramenta permite aos cerca de 500 mil passageiros diários dos ônibus municipais acompanhar em tempo real, por aplicativo de celular, a que distância e tempo o seu transporte está da parada escolhida para o embarque. “Ainda temos algumas funcionalidades do aplicativo para melhorar, mas o Sistema de Posicionamento Global (GPS**) está perfeito”, garante Augusto Langer (foto à direita), gerente de Desenvolvimento e Inovação da EPTC.
Gaúcho de 37 anos, Langer se formou em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de Porto Alegre em 2005 e, por facilidades familiares, foi morar em Israel. Lá, ele trabalhou na startup israelense Tranzmate, desenvolvedora do aplicativo internacional de mobilidade urbana Moovit. Dez anos depois, quando decidiu voltar para o Brasil, essa experiência foi decisiva para ser chamado ao cargo de confiança que ocupa atualmente. “Nossa gerência já foi maior. Hoje está composta por seis servidores de carreira, mas os projetos que nascem aqui são desenvolvidos por inúmeros outros setores da Prefeitura, em um sistema de coparticipação muito eficiente”, explica ele.
O CittaMobi é um aplicativo da empresa Cittati que foi incorporado ao Sistema de Transporte Integrado de Porto Alegre (TRI), implantado por etapas a partir de 2007 pela Prefeitura Municipal ao criar a bilhetagem eletrônica. Através do TRI, os usuários podem agora acessar a função GPS do CittaMobi e visualizar, no mapa, onde está circulando qualquer um dos 1.650 ônibus que compõem atualmente a frota da capital gaúcha. De qualquer lugar, o usuário clica na parada em que pretende embarcar e consegue saber a localização do veículo que deseja utilizar e a estimativa de tempo até sua chegada àquele local. É possível também traçar rotas: o passageiro digita o endereço de origem e o de destino e o aplicativo mostra que linhas podem ser usadas e como fazer a integração necessária.
Entre a nota técnica de dezembro de 2012 e o lançamento em agosto deste ano, muitas outras capitais do Brasil implantaram esse monitoramento avançado na gestão do transporte coletivo antes de Porto Alegre. “Nossa cidade guarda peculiaridades que precisaram ser estudadas e resolvidas. Foram problemas técnicos que demandaram muito trabalho, vários testes e exigiram soluções diferentes, o que redundou nesse atraso”, esclareceu o secretário extraordinário de Mobilidade Urbana do município, Rodrigo Tortoriello, na solenidade de lançamento do aplicativo.
O ITS foi incluído, após muitos estudos, no edital de 2015, que licitou a concessão do Serviço de Transporte Coletivo por Ônibus do Município de Porto Alegre. “A chegada dos aplicativos de automóveis no final de 2015 e a crise econômica de 2016 também contribuíram para esse atraso, porque o número de usuários de ônibus caiu muito e as empresas concessionárias, que estavam assumindo o serviço e são as responsáveis pela implantação do ITS, tiveram que reavaliar o contexto na busca por parcerias tecnológicas”, lembra Langer, reforçando que o assunto só andou realmente quando a atual administração da Prefeitura assumiu, em 2017, e agilizou a fiscalização das empresas concessionárias, que tinham prazo para entregar o ITS até o final de 2018.
* Intelligent Transportation Systems
** Global Positioning System
Foto destaque: Alex Rocha/Arquivo PMPA