A terra gira a 1.675 km/h no seu movimento de rotação durante os 365 dias do ano. A cada minuto que passa, o coração de uma pessoa pulsa em média de 60 a 100 vezes. No fim do dia, você respirou cerca de 25.920 vezes sem perceber. Isso acontece com naturalidade, sempre foi assim, mas, neste século, a humanidade tem a percepção de que tudo muda o tempo todo, cada vez mais depressa. O acelerador disso – a tecnologia – é, paradoxalmente, a melhor ferramenta que as pessoas têm para correr atrás do tão escasso e valorizado tempo. No caso da indústria automobilística, o desafio é entender o que deseja o seu exigente consumidor, para que possa atendê-lo com eficiência e eficácia no contexto de evoluções da mobilidade urbana.
O significado da consciência, valorização e administração individual do tempo no coletivo da vida cotidiana foi tema da palestra do fundador do Instituto PARAR, Flávio Tavares (foto à esquerda), na abertura da quarta etapa do PARAR On The Road deste ano, que aconteceu na última semana em Porto Alegre (RS). E a pesquisa apresentada no evento, que mostra aos executivos da indústria automobilística o caminho para atender as novas expectativas dos seus consumidores, é resultado de um trabalho conjunto da KPMG no Brasil e da Autodata. Trata-se da primeira edição da Global Automotive Executive Survey (GAES) – Brazilian Chapter, versão brasileira de um estudo realizado há 20 anos pela KPMG International.
Entre os meses de fevereiro e março deste ano, 1.260 pessoas responderam ao questionário disponibilizado pela internet: 256 executivos de diferentes elos da cadeia automotiva e 1.004 consumidores residentes em todas as regiões do Brasil. Entre as principais informações está a de que metade dos consumidores deseja adquirir um veículo zero quilômetro na sua próxima compra. Quanto ao momento em que essa aquisição será concretizada, a maioria estima que isso deve acontecer em até dois anos. Além disso, 96% dos consumidores concordaram que, durante o processo de compra de um veículo, já chegam às concessionárias com a decisão praticamente tomada — e que suas escolhas se baseiam, principalmente, em pesquisas na internet.
Dois outros dados do estudo apresentado na capital gaúcha pelo líder do setor Automotivo da KPMG no Brasil, Ricardo Bacellar (foto à direita), se destacam especialmente por expor a larga distância que ainda separa a indústria automotiva das transformações que a cercam. A maioria dos executivos brasileiros, por exemplo, reconhece nas startups e nos centros de pesquisa das universidades potenciais parceiros na construção do futuro ecossistema de negócios da indústria automotiva. Porém, ao mesmo tempo em que a conveniência e a necessidade dessas parcerias são reconhecidas, o levantamento demonstra que falta clareza sobre como viabilizá-las. E a maior surpresa foi em relação aos veículos elétricos. O ceticismo dos executivos sobre a viabilidade de produção e oferta desses produtos no mercado local, pelo menos no curto prazo, contrasta fortemente com a informação de que 90% dos consumidores já gostariam de encontrar carros elétricos disponíveis para compra neste momento.
As preferências dos clientes, as diferenças de comportamento dos jovens (18 a 24 anos) e dos mais velhos (51 a 65 anos), a valorização que eles dão aos seus dados pessoais, a experiência de compra, a receptividade à inovação, o modelo e o ambiente de negócios, a infraestrutura e os aspectos estratégicos também compõem o estudo de 60 páginas disponível pelo link Global Automotive Executive Survey 2019 – Brazilian Chapter. A próxima e última etapa deste ano do PARAR On the Road será no próximo dia 19 de setembro, em Belo Horizonte (MG).
Fotos: Instituto PARAR
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