O mercado automotivo brasileiro continua crescendo, apesar da estagnação econômica do País, e a tecnologia traz inovações em ritmo cada vez mais acelerado, aguçando a curiosidade e encantando todos aqueles que, de uma forma ou de outra, têm ligações com a indústria automobilística. Por isso, a diretoria da Asdap – Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças convidou o técnico mecatrônico Jônatas Hepp (à esquerda na foto abaixo) para falar aos seus associados sobre o mercado de reposição para híbridos e elétricos, os veículos que são a grande atração em todos os Salões de Automóveis deste e dos últimos anos, em qualquer lugar do mundo.
“Os veículos híbridos e elétricos estão aí e a tendência é de que seguirão ganhando mercado de forma crescente, mas essa realidade não chegará ao mercado de reposição antes de quatro ou cinco anos pelo menos”, esclareceu Hepp. Um dos principais motivos é que as montadoras, a fim de ganhar a confiança do consumidor na hora da venda, estão conferindo garantias extensas, que mantêm os novos veículos vinculados às concessionárias durante muitos anos. A pioneira Toyota, por exemplo, que lançou o Prius no mercado japonês há mais de 20 anos (1997), está comercializando o Lexus no mercado brasileiro desde 2016 com oito anos de garantia.
De certa forma, porém, essa distância de tempo será útil para quem souber aproveitá-la na capacitação necessária aos “novos tempos”. Os desafios para toda a cadeia de reposição são muito grandes, segundo Hepp, que é supervisor de oficina da CarHouse Veículos, em Porto Alegre (RS). “Temos o desafio da capacitação. A assistência técnica tem que ser especializada. Não é qualquer mecânico que pode reparar um carro elétrico, e muitos nem vão querer se arriscar, porque o risco de ser eletrocutado é real”, alertou ele. Além disso, os fornecedores precisam estar habilitados para a tecnologia. A importação de peças e a troca completa de alguns componentes também são obstáculos para a manutenção desses veículos devido ao alto custo.
Durante o encontro com os associados Asdap, Hepp fez ainda uma síntese do histórico dos carros híbridos, destacando que a novidade chegou ao Brasil recentemente acompanhada de dúvidas e inseguranças. Ele explicou o funcionamento conjunto dos motores a combustão e elétrico e mostrou como funciona a estação de carregamento. Tudo isso vem evoluindo rapidamente, mas os obstáculos à expansão são grandes, como o alto custo do veículo (preço médio de R$ 200 mil), a estação de carregamento a ser instalada na garagem (R$ 40 mil) e o preço de uma eventual troca da bateria (R$ 30 mil), sem falar na desvalorização e na dificuldade de revenda. “Há um tempo certo para tudo. Apesar de mais econômicos e menos poluentes, nem teríamos condições de introduzir em massa esses carros no Brasil, mesmo que resolvêssemos o desafio dos postos carregadores, porque não teríamos capacidade de produzir a energia elétrica necessária”, completou o técnico mecatrônico.