Associação Sul-Brasileira
dos Distribuidores de Autopeças

O Movimento Maio Amarelo está aí novamente, pelo sexto ano consecutivo, em busca de caminhos para diminuir o número de acidentes e vítimas de trânsito. O problema segue sem encaminhamento de solução no Brasil mesmo após a Organização das Nações Unidas (ONU) ter editado, em março de 2010, uma resolução (A/RES/64/255) que declarou o período de 2011 a 2020 como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito. O professor Luiz Claudio Souza, um estudioso do assunto há mais de 15 anos e empresário reconhecido internacionalmente desde que foi o primeiro brasileiro a conquistar o Certified Automotive Fleet Specialist (CAFS®), concedido pela NAFA Fleet Management Association, maior associação sem fins lucrativos do mundo para indivíduos que gerenciam a frota veicular e as responsabilidades de mobilidade de seus empregadores, resume qual deve ser o foco das autoridades e entidades que se dedicam ao Maio Amarelo todos os anos: o comportamento dos condutores.

“A resolução da ONU foi elaborada com base em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que contabilizou, em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidentes de trânsito em 178 países. A meta era reduzir em 50% esse número nesta década”, explica Souza (foto à esquerda). “No Brasil, em 2011, morreram 52 mil pessoas em acidentes de trânsito. Os fabricantes foram chamados a refletir e agir em busca de segurança. Os automóveis hoje, oito anos depois, estão reconhecidamente muito melhores nesse sentido, mas, em 2017 – os números de 2018 ainda não foram totalizados –, morreram 45 mil pessoas no nosso trânsito. Está bem claro que o problema está no comportamento dos motoristas”, constata ele, citando imperícia, imprudência e desatenção.

As estatísticas das causas dos acidentes de trânsito no Brasil reforçam o alerta do professor especialista em mobilidade corporativa e cultura de segurança no trânsito, que já impactou mais de dez mil condutores corporativos em palestras e workshops: em primeiro lugar, excesso de velocidade; em segundo, uso de álcool; e, em terceiro, uso do celular. “Estamos falando de responsabilidade, de conscientização acima de tudo, mas temos que repensar também a nossa formação de condutores. Só para se ter uma ideia, o curso de habilitação na Suécia, por exemplo, é de 120 horas/aula. No Brasil, é só de 20 horas/aula”, completa ele.

Souza traz ainda outro ponto à reflexão: “O mês com mais acidentes de trânsito e mortes é sabidamente dezembro. Esse tipo de conscientização [proposta pelo Maio Amarelo] tem que ser permanente e o trabalho mais intenso tem que ser feito justamente na época mais problemática, que, todo mundo sabe, é a época das festas de fim de ano”, acredita.

Segundo ele, há também um enorme caminho a ser percorrido em relação à infraestrutura das ruas e rodovias nacionais, mas a conscientização dos motoristas é, basicamente, o caminho para mudar o comportamento e tornar esse problema menor. “O brasileiro, em geral, não enxerga a dimensão disso. Essas mais de 40 mil vítimas mostram que o nosso trânsito mata, a cada ano, o mesmo número de pessoas que perderam suas vidas nos dez anos da Guerra do Vietnã”, lembra Souza.

No início desta década, a OMS estimava que, caso não fossem adotadas ações efetivas, 1,9 milhão de pessoas poderiam morrer no trânsito em 2020 (passando da atual décima maior causa de mortalidade no mundo para a quinta) e 2,4 milhões em 2030. Isso sem contar os milhões de sobreviventes aos acidentes com traumatismos e ferimentos irreversíveis. A intenção da ONU com a Década de Ação pela Segurança no Trânsito é ajudar a salvar cinco milhões de vidas até 2020.

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