Porto Alegre vive um momento confuso no gerenciamento da sua mobilidade urbana e, embora não seja um caso único no País, pode servir de aprendizado para centenas (ou milhares) de outras cidades brasileiras. Enquanto os taxistas ainda reclamam de algumas leis que, segundo eles, continuam privilegiando os motoristas de transporte particular por aplicativos e os estudantes voltam a fazer manifestações públicas contra o aumento das tarifas de ônibus aprovado pelo Conselho Municipal de Transportes, as férias vão terminando, as aulas recomeçando e surgem no trânsito novas formas de deslocamento.
A principal novidade são as patinetes elétricas verdes da Grin, que podem servir tanto de lazer quanto de meio de transporte para curtas distâncias. Fáceis de usar, alcançam até 20 km/h nas ciclovias ou vias urbanas normais, mas, nas calçadas, não devem ultrapassar os 6 km/h. São cerca de 200 patinetes distribuídas inicialmente em uma região de 12 km2, que inclui os bairros Moinhos de Vento, Independência, Bom Fim e Rio Branco. Provavelmente, a “moda” só não ganhou maior adesão, por enquanto, em função do valor. O preço é de R$ 3,00 para desbloquear a patinete e andar o primeiro minuto, mais R$ 0,50 por minuto adicional. Nesse período de chegada, porém, o aplicativo da Grin oferece os dez minutos iniciais do primeiro passeio grátis. O serviço funciona das 7h às 22h.
Com proposta semelhante, quem também estreou este mês na capital gaúcha é a Yellow, plataforma de compartilhamento de patinetes elétricas e bikes sem estação fixa. Em um primeiro momento, as bicicletas amarelas poderiam ser consideradas apenas uma concorrência às laranjas do sistema BikePoa, que possuem estações espalhadas pela cidade há mais tempo, mas o principal diferencial delas é que, assim como as patinetes, podem ser encontradas e deixadas em qualquer lugar dentro da área de atuação, sem estação para retirada ou devolução. As empresas Grin e Yellow se associaram recentemente na holding Grow Mobility e sincronizaram seus aplicativos, disponíveis e compartilhados nas plataformas App Store e Play Store. E a Yellow já anuncia para breve a chegada das bicicletas elétricas à cidade.
Rápido e simples de usar, os novos sistemas funcionam da seguinte forma: a pessoa se cadastra em um dos dois aplicativos e registra se quer pagar com cartão de crédito ou dinheiro. Se for em dinheiro, precisa ir até uma banca, loja ou bar conveniado e executar a liberação. Ao acessar novamente o aplicativo, terá a localização de todas as patinetes e bicicletas disponíveis naquele momento. Após dirigir-se a uma delas, é só liberar o cadeado com o QR Code e sair andando. No final do percurso desejado, basta fechar o cadeado e ir embora. As empresas têm a localização de todos os equipamentos por GPS e, no final de cada dia, recolhe-os para manutenção, limpeza e redistribuição a pontos estratégicos de origem, além de recarregar as baterias das patinetes.
Aliás, as empresas começaram a oferecer também oportunidade de renda extra na cidade. Quem tiver um veículo e algum tempo disponível pode se cadastrar para ser um recolhedor de bicicletas e patinetes no fim do dia, levando-os para os endereços combinados. A remuneração é feita conforme o número de equipamentos transportados. A referência das empresas recém-chegadas a Porto Alegre é o serviço que já prestam em cidades como Florianópolis (SC), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Santos (SP) ou em outros lugares do mundo, como Cidade do México, Guadalajara e Monterrey, no México; Bogotá, na Colômbia; Santiago do Chile e Montevidéu, no Uruguai.