O gerente de Análise Econômica do Sicredi, Pedro Lutz Ramos, foi o convidado da Asdap – Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças para falar sobre “Cenário Econômico e Perspectivas de 2019” na primeira reunião de associados do ano, realizada na última segunda-feira, dia 14, em Porto Alegre (RS). Por mais de duas horas, o economista fez uma ampla análise das mudanças que começam a ser implantadas pelo novo Governo e, demonstrando otimismo com o que tem sido dito e com as primeiras medidas anunciadas, destacou os pontos em que o empresariado deve ter mais atenção.
“A posse do novo Congresso, em fevereiro, e as primeiras votações mostrarão a base de apoio do Governo. A definição dessa base é que sinalizará as facilidades e os obstáculos que o Executivo terá para implantar seus projetos anunciados”, explicou Ramos. “E o ponto principal, todo mundo sabe, é a reforma da Previdência. Será a reforma necessária? Será apenas a reforma possível? Essa diferença é que balizará o crescimento do Brasil nos próximos quatro anos. Menos pelo aspecto matemático-financeiro, mais pela sinalização, pela confiança que transmitirá – ou não – ao mercado financeiro internacional, mostrando que estamos – ou não – no caminho certo”, indicou.
Didaticamente, Ramos lembrou que o novo Governo já mostrou ter consciência do que significa o crescimento da dívida brasileira nos últimos anos e a importância de reverter isso para que a economia do País “entre nos trilhos” outra vez e possa consolidar um novo ciclo de crescimento. Enquanto prepara a reforma da Previdência a ser levada ao Congresso provavelmente em março, assuntos como abertura comercial, desburocratização e redução de subsídios vão abrindo caminho em diversas áreas do Executivo. Depois virão as privatizações, ajudando a diminuir o déficit das contas públicas e a desonerar a administração. Só depois disso, então, é que será a vez da reforma tributária tão aguardada pelo empresariado.
“Por enquanto, vivemos um ambiente que chamamos de reformas moderadas. O discurso correto, as primeiras medidas e a nova matriz política que fortalece o pacto federativo, de relacionamento preferencial com os governadores – e esses é que devem influenciar seus deputados e senadores –, o que acaba com o velho ‘toma lá, dá cá’ de Brasília”, disse Ramos. Isso, porém, ainda não foi suficiente para o capital estrangeiro voltar ao Brasil. “Como tudo isso andará dentro do novo Congresso é o que todos estão aguardando. A partir das eleições dos presidentes da Câmara e do Senado, no dia 1º de fevereiro, começaremos a ter os sinais mais objetivos que o mercado está esperando. Aí sim, será o passo para um novo ambiente, o cenário reformista”, completou ele.