Os números ainda não estão 100% consolidados, mas o Polo de Duas Rodas de Manaus, na capital amazonense, já tem dados para estimar que a venda de motos em 2018 superou a marca de um milhão de unidades no ano, com um crescimento de 17,2% em relação a 2017. E o mais significativo desses números é que representam o fim de um longo período de crise. O mercado de motocicletas estava em queda há seis anos consecutivos.
“São números importantes, que marcam uma reversão de tendência, porém não devem gerar tanto entusiasmo ainda porque compõem um crescimento calculado sobre uma base que estava muito baixa”, considera o empresário Silvio Cohn (foto à direita), da JR Motos, e diretor financeiro da Asdap – Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças.
Mais motos novas vendidas não significa necessariamente, de imediato, crescimento do setor de distribuição de peças. “Na visão de curto prazo, isso não tem grandes reflexos. Algumas peças de desgaste que não possuem garantia e a venda de lubrificantes logo incrementam o nosso mercado, mas o mais importante é o sinal positivo para o futuro. O macro crescimento é bom para todo mundo no longo prazo e é para isso que os empresários do setor devem olhar”, explica Cohn.
O setor de motopeças cresceu este ano na região Sul, mas apenas algo em torno de 1%, o que não deixou de ser um alívio para os empresários do segmento, que finalizaram o primeiro semestre com sérias perspectivas negativas. “Em maio, tivemos a greve dos caminhoneiros. Chegamos a ficar uma semana parados, sem faturar. As peças não chegavam para nós. E quem tinha peças para vender não conseguia entregar”, lembra Cohn. O fechamento do primeiro semestre foi 12% menor, comparado com o mesmo período de 2017, que tinha sido consideravelmente positivo. No segundo semestre, entretanto, o mercado reagiu e cresceu 14%, permitindo um fechamento positivo no ano.
Cohn aproveita essa época de balanço e reflexões sobre os significados dos números para fazer um alerta a todos os players desse mercado de distribuição de peças: “A macroeconomia é importante como uma bússola, para nos mostrar tendências, mas o que realmente impacta nos nossos negócios é a gestão. Se o empresário tiver uma boa equipe, bem treinada, produtiva e confiante no trabalho que desempenha; se estiver focado em custos e fizer um trabalho sério e transparente, isso faz toda a diferença. É a base para enfrentar bem os altos e baixos do mercado como um todo, que são cíclicos e inevitáveis”, completa ele.