Qualquer empresa nacional deve ter consciência de que a Receita Federal do Brasil tem hoje ferramentas tecnológicas e material humano qualificado para combater a sonegação fiscal com muita eficácia, seja ela por má fé, simples descuido ou desconhecimento de informação. “A tecnologia disponível processa 2,860 milhões de instruções por segundo. Isso significa capacidade de cruzar informações, com rapidez e precisão, de um número de contribuintes equivalentes aos do Brasil, da Alemanha e dos Estados Unidos somados”, exemplificou o contador da B2B Fiscal e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Wellington Ely dos Anjos, que foi convidado a explicar essa realidade, chamada por ele de “Big Brother Fiscal”, aos sócios da Associação Sul-Brasileira dos Distribuidores de Autopeças (Asdap).
Wellington (D) participou de reunião com os associados Asdap
O Fisco brasileiro iniciou esse trabalho em 2005, quando adquiriu o supercomputador T-Rex, construído nos Estados Unidos pela International Business Machines (IBM), e o software Harpia, desenvolvido por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2007, foi instituído o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e, em 2012, a Receita Federal aderiu ao Protocolo ICMS nº 66/2009, que dispõe sobre a instituição do Sistema de Inteligência Fiscal (SIF) e intercâmbio de informações entre as unidades da Federação.
Segundo Wellington, qualquer dado que envolva Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) pode ser cruzado com cartórios, Departamentos Estaduais de Trânsito ou bancos, por exemplo, possibilitando fiscalizar na hora tudo o que aconteceu nos últimos cinco anos. Com um simples clique, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) do Ministério da Fazenda, o Ministério Público, a Polícia Federal e qualquer juiz têm acesso a todas as contas que um cidadão ou uma empresa mantêm no Brasil. “As empresas precisam hoje de profissionais que não tenham conhecimento apenas na sua área, mas que estejam inseridos nessa globalização dos negócios”, afirma o contador.
Em resumo, o alerta é para que as empresas tenham consciência de que a modernização da gestão é vital. Assim, a capacitação dos colaboradores se impõe para que haja uma visão geral do negócio, todos compreendam as facilidades e os riscos da tecnologia aplicada, cada um se sinta responsável pelas informações e pelos processos-chave e os controles e atualizações sejam componentes de uma rotina atenta ao todo. “Independente do porte da empresa, o caminho não é uma ‘receita de bolo’, mas, sim, uma oportunidade para qualificar as pessoas, promover melhorias nos processos e planejar ações que possibilitem medir e extrair indicadores de gestão para uma melhor tomada de decisão”, explica Wellington.