A climatização dos automóveis surgiu no início do século passado por demanda de conforto. Atualmente, no Brasil, representa também um importante fator de segurança, já que circular com os vidros abertos nas grandes cidades pode ser perigoso, além de muito barulhento. Porém, nesses cem anos em que o aquecimento global preocupa cada vez mais e a tecnologia avança rapidamente, ainda é muito baixo o número de pessoas que têm consciência dos riscos que esse equipamento incorporado à vida cotidiana oferece ao sistema respiratório se não receber a atenção e manutenção necessárias.
“O ar-condicionado automotivo funciona como um aspirador de pó que refrigera. A atenção ao filtro de ar é o preço da saúde”, afirma Celso Rodrigues, diretor da Indústria de Autopeças Schuck. É simples entender: a tomada de ar fica sob o capô, altamente poluída pela proximidade do motor. A esse ar, o equipamento aplica uma substância chamada R-22, à base de cloro, flúor e carbono, que é o que origina o gás de temperatura baixa. À medida que o filtro vai sujando e ficando saturado, acumulam-se ali bactérias, fungos e ácaros. “Quem tem rinite alérgica logo sente que já está na hora de trocar o filtro do ar-condicionado”, observa Rodrigues.
A vida útil dos filtros de ar-condicionado é em torno de dez mil quilômetros, mas varia conforme o filtro utilizado, o modelo do carro, o estilo de direção do motorista e o ambiente (cidade/estrada) onde o veículo circula preferencialmente. O fundamental mesmo, destaca o diretor da Schuck, é ter filtro no ar condicionado. “Muita gente não sabe, nem se dá conta, mas algumas montadoras vendem carros com ar-condicionado e sem filtro de ar. Elas não informam e o proprietário só descobre isso na primeira revisão, depois de circular milhares de quilômetros, quase um ano, respirando toda aquela poluição”, alerta Rodrigues. “E muitas vezes nem ficam sabendo, porque pagam uma troca de filtro quando, na verdade, o que foi feito é uma primeira instalação no equipamento.”
Sobre a versão de que o filtro de ar-condicionado sujo leva a um consumo maior de combustível, pelo fato do equipamento ter que “fazer mais esforço”, Rodrigues esclarece que isso é um mito. “Era verdade nos anos 1980, quando surgiram os primeiros carros com ar-condicionado por aqui, mas hoje, com o avanço da tecnologia, os aparelhos já são mais inteligentes e isso não tem mais significado”, explica. “Pode até ter algum efeito no trânsito complicado das cidades, em baixa velocidade, mas nas estradas funciona exatamente ao contrário. A aerodinâmica nos garante: se os vidros estiverem fechados e o ar ligado, será uma viagem mais confortável e com gasto menor de combustível.”