Associação Sul-Brasileira
dos Distribuidores de Autopeças
Distribuição de autopeças, um setor à margem da crise
Dia 15 de março de 2018 | Por Roberto Alves d'Azevedo | Sobre Mercado e Últimas Notícias

O Brasil inicia um ano de Copa do Mundo e eleições gerais com indicadores que mostram claramente que a economia está em fase de recuperação crescente e descolada dos problemas políticos. Um cenário animador, embora sem nenhuma garantia de estabilidade. Entretanto, a estabilidade segue sendo o sentimento predominante no mercado de reposição de autopeças no Brasil, que não teve tantos problemas nos anos da crise que está se encerrando e, por isso, não vive a euforia da recuperação que anima diversos outros setores.

As vendas de automóveis, que caíram 19,8% em 2016, cresceram 9,2% em 2017. E a estimativa da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) é de um crescimento de 12,6% para este ano. Porém, o que realmente interessa ao aftermarket automotivo – mercado de produção e distribuição de peças de reposição – é a idade da frota. “Esse mercado até se fortalece nas grandes crises de vendas de carros novos e pouco sente em tempos de recuperação, por causa do envelhecimento da frota, que acaba exigindo mais manutenção e troca de peças”, explica Cássio Hervé, diretor do Grupo Oficina Brasil, que é referência no setor há 25 anos. “A expectativa é que a idade média da frota de veículos cresça dos atuais 9,5 para cerca de 10,6 anos até 2025”, projeta Danilo Fraga, diretor da Fraga Inteligência Automotiva.

Analisando os números gerais da frota, houve uma significativa redução nos emplacamentos nos últimos quatro anos. Mesmo com uma alta de 9,4% em 2017 em relação a 2016, o número ainda está 34,7% abaixo do volume de emplacamentos de 2014, por exemplo. Como o potencial demandante do aftermarket é calculado a partir da frota reparável, que resulta da subtração da frota de veículos novos e/ou em garantia, as variações nos emplacamentos impactam pouco o mercado de reparação automotiva.

Com o adiamento da troca dos veículos em uso pelas famílias, torna-se inevitável a sua manutenção para a preservação do patrimônio. Aliado a isso, o volume de veículos vendidos no auge da economia brasileira, em 2011, entrou no período crítico de manutenção a partir de 2016 e, em função do desgaste natural dos componentes, as diferentes faixas etárias de veículos em circulação no território nacional demandaram diferentes ciclos de substituição de peças. “O mercado de reposição no Brasil vai continuar exibindo números positivos e oferecendo excelentes oportunidades de negócios, independente do cenário econômico”, constata Hervé.

Com base apenas na entrada de veículos no ciclo de manutenção independente, ou seja, fora de garantia, haverá este ano um crescimento orgânico da frota reparável em 6,56%, aumentando a base de veículos em período de demanda por peças e serviços. O maior volume é de automóveis e comerciais leves com mais de três anos de uso no mercado que, cada vez mais, têm como destino as oficinas independentes para sua manutenção. Aos distribuidores independentes, a Fenabrave anuncia que, de 2014 para 2017, deixaram de existir 1.274 concessionárias no País: abriram 616 e fecharam 1.890.

As pequenas oficinas, que realizam até 45 atendimentos mensais, cresceram 19,8% em 2017 e os distribuidores independentes (25%) superaram o crescimento das concessionárias (23,1%) no fornecimento de autopeças. Apenas o varejo, como canal de compra das oficinas mecânicas, apresentou redução de desempenho (- 12,1%). A queda no ticket médio das oficinas (- 3,85%) mostra que, para obter resultados iguais, elas trabalharam mais e é justamente esse trabalho extra que realmente impacta o setor de autopeças.

“A despeito das inquietações relativas à Copa do Mundo, em junho, e às eleições gerais, em outubro, o cenário ainda é positivo para o mercado de reposição automotiva, pois, aliado ao crescimento previsto, há o fortalecimento da retomada das discussões e a possível implementação das inspeções veiculares – de emissões e de segurança –, com a obrigação de os Detrans submeterem seus planos até o final do primeiro semestre, movimentando a opinião pública e a mídia para o tema, de forma similar ao que ocorreu na cidade de São Paulo entre 2008 e 2014, cujo impacto foi positivo para o setor”, informa o relatório anual do grupo Oficina Brasil.

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